Achamos que
não temos consciência de nossas inferioridades espirituais, mas na verdade
temos consciência sim, basta que prestemos atenção em nós mesmos.
Quando
Kardec perguntou a espiritualidade qual o meio prático para que pudéssemos superar
a tentação do mal, os espíritos responderam que desde a antiguidade um sábio já
nos tinha dito que era importante conhecer a nós mesmos.
Conhece-te
a ti mesmo, esta é a chave da felicidade.
Se nós
pararmos e prestarmos atenção como nós reagimos diante das coisas que não
gostamos, diante de pessoas que nos sejam antipáticas e diante daqueles que nos
são simpáticos, normalmente achamos que aquela pessoa que nos é simpática deve
nos suportar, e aí nos debruçamos em cima dela, abafamos e a comprimimos,
fazemos muitas vezes, muitas exigências.
Como
gostamos da pessoa achamos que esta é obrigada a nos tolerar e suportar. É
nesse ponto que começamos a ver que tipo de personalidade tem, que tipo de
indivíduos nós somos, é a partir do esforço pelo autoconhecimento que nos conscientizamos.
As Leis de
Deus estão gravadas na nossa consciência, se buscarmos essa consciência vai
encontrar. O grande problema é ter a paciência de se olhar, é querer se
conhecer, porque a sociedade nos ensina, a prestar atenção não em nossa vida,
mas na vida dos outros. Sabemos tudo sobre os outros, mas não sabemos nada
sobre nós mesmos. Estamos especializados em olhar os outros, sabemos suas
falhas, seus erros, mas quando alguém fala dos nossos defeitos, nos aborrecemos
profundamente, porque é bom falar, criticar e apontar o erro dos outros, mas
quando alguém diz “Você também é assim”, ficamos num estado deplorável, por que
não gostamos de ser descobertos.
Além da auto-observação,
autoconsciência, para aquisição de virtudes é muito importante fazer o bem em
qualquer dimensão. Em todas as coisas
que façamos, é importante buscar o bem.
Por que uma
pessoa pratica esportes?
Com certeza não é para brigar com os companheiros, não
é para sir matando, ferindo e batendo quando o seu lado perdeu.
É preciso ver o lado do bem nisso, a alegria, a
esportividade, a confraternização, a competição saudável.
Quando
vamos nos alimentar por que comemos?
Não pode ser para nos empanturrarmos, para esvaziar a
panela e sim para nutrir nosso corpo. Por isso temos que aprender a comer
somente o que é preciso e assim mantermos a saúde e um corpo saudável.
Na hora das brincadeiras devemos ter limites e saber
que estamos brincando, e não mexer com o temperamento do outro colega, criando
um problema, magoando, não é preciso numa brincadeira mexer com o defeito
físico da pessoa, ou numa coisa que sabemos que machuca e incomoda aquele ser.
Em todas as
coisas que fizermos em nossa vida social, privada, profissional ou familiar,
devemos estar voltados apenas para o bem, e isso será uma virtude.
Viver com
virtude é uma experiência que nossa humanidade ainda tem muita dificuldade.
Todas as coisas que façamos devem ser voltadas para o bem, com múltiplas faces.
Se estou estudando é para eu me superar e não para superar o colega, para ser
melhor que ele, é para ser maior e melhor que eu mesmo.
O bem
sempre indicará a virtude. Quando Kardec pergunta qual a grande virtude, a mais
meritória que a criatura pode ter, eles respondem que nós teremos chegado ao
ponto mais alto da virtude quando houver o desinteresse pessoal. Quando
fizermos algo, que não seja para nós lucrarmos. Na sociedade, infelizmente
aprendemos a tirar vantagens de tudo e de todos. Sempre que se pode explorar
uma pessoa ou uma situação em proveito próprio, o indivíduo faz e então aí ele
se afasta da virtude.
O interesse
pessoal é o grande antagonista da virtude, então qualquer virtude que possamos
desenvolver ainda precisará desenvolvê-la sem querer ser personalista. Para uma
criança crescer com virtudes, o exemplo dos pais não são o suficiente, pois ela
não vive apenas com os pais. Os pais estão incumbidos da educação de base, a
educação doméstica, a formação emocional, que é a fundamental, mas o restante
da família também tem muita responsabilidade sobre essa criança, a escola tem
responsabilidade, a sociedade mais ampla também tem, como os veículos de
comunicação tem muita responsabilidade nesse desenvolvimento das virtudes e dos
valores éticos e morais.
Muitas
vezes os pais tentam passar para seus filhos valores, mas eles estão na mídia o
dia inteiro e acabam assimilando melhor aquilo que a mídia passa. Pois enquanto
os filhos ouvem os pais falarem, eles veem as coisas acontecendo na televisão.
Por isso é muito importante os exemplos dos pais, não é só falar, tem que viver
aquilo que é falado o tanto quanto consigam junto dos seus filhos, mas não
podemos colocar só nos ombros dos pais, numa sociedade tão plural como a nossa,
toda a responsabilidade pela formação do senso de virtude de uma criança.
Texto de Raul Teixeira